Provavelmente, imagem de Catarina de Aragão na memória do leitor seja aquela de seu triste destino: a primeira esposa do rei Henrique VIII, preferida em favor da encantadora Ana Bolena. Philippa Gregory, sempre habilidosa em retratar os bastidores das cortes britânicas, apresenta uma Catarina bem diferente daquela figura piedosa e renegada cristalizada ao longo dos séculos. Filha de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, a infanta de Espanha foi prometida aos 3 anos ao príncipe Artur, herdeiro de Henrique VII. A união celebraria a estratégica aliança entre Inglaterra e Espanha, seriamente preocupados com o crescente poderio da França.Criada desde o berço para assumir o trono inglês, Catarina acompanhou os pais nos campos de batalha. Numa época em que lutavam ao lado de Roma na cruzada pela defesa da fé católica, Fernando e Isabel eram temidos em todo o mundo; A infanta testemunharia a expulsão dos mouros de Granada, lugar onde acabou passando parte da infância, nas encostas do suntuoso Palácio de Alhambra. E, desde pequena, Catarina tinha uma única certeza: “nasci princesa, destinada a ser rainha... e sei o meu dever”. Aos 15 anos, Catarina desembarcou na Inglaterra para finalmente se unir a Artur.Acostumada à elegância e ao refinamento de sua corte, a jovem estranhou a fleuma dos Tudor. Apaixonada pelo príncipe, Catarina perdeu o marido em apenas cinco meses de casada. Fiel a seu destino de ser a mulher mais poderosa de uma nação, Catarina resolve se casar com o irmão mais novo de Artur, o mimado Henrique. Mesmo encontrando resistências do pai e da avó do herdeiro do trono britânico, Catarina dá os primeiros passos na união que mudaria para sempre o curso de uma nação.