Ler Bacon é voltar a colocar as perguntas mais simples mas também mais decisivas: O que é conhecer? Para quê conhecer? Se o conhecimento é uma forma de poder, como deve ser este poder exercido? Quais os benefícios e riscos desse exercício? Que implicações, políticas e sociais, morais e religiosas, tem esta revolução? Quais são as condições históricas do seu sucesso? O interesse por Bacon ressurgiu na nossa época ensombrada pela perspectiva de que o homem moderno está enclausurado numa "jaula de ferro". Como se a inquietação com as promessas e riscos do poder tecnológico da nossa civilização não perturbasse suficientemente a consciência do homem contemporâneo, foi crescendo a frustração com o vazio espiritual correlativo ao desencantamento do mundo e à racionalização da vida humana. Porém, apesar deste diagnóstico sombrio, uma boa parte daquilo que difusamente identificamos com o melhor da nossa civilização é indissociável da concepção baconiana de ciência, ou pelo menos da esperança que traz e das promessas que anuncia (e, por vezes, cumpre). Hoje, Bacon reassume toda a importância que lhe deve ser reconhecida e a sua extraordinária actualidade.