Em uma obra arrasadora que oscila entre a angústia privada de uma mulher pela perda de seu amado primo bebê e a crítica feroz de um acadêmico ao sistema prisional americano, Danielle Allen busca respostas para o que, por muitos anos, parecia irrespondível. Por quê? Por que seu primo, um jovem precoce que sonhava em ser bombeiro e escritor, acabou morto? Por que ele definhou na prisão? E por que, aos quinze anos, ele estava em um beco no centro-sul de Los Angeles, segurando uma arma enquanto tentava roubar o carro de alguém? Cuz significa tanto "primo" quanto "porque". Neste livro de memórias abrasador, Allen revela uma "nova história americana" sobre um mundo tragicamente transformado pela súbita disponibilidade de narcóticos e o surgimento de gangues de rua - uma colisão, seguida por uma guerra reacionária às drogas, que devastaria não apenas o centro-sul LA, mas praticamente todos os centros urbanos do país. Aos treze anos, o sensível e falante Michael Allen foi subitamente jogado neste caldeirão, um mundo violento onde seria julgado aos quinze como adulto por uma tentativa de roubo de carro, e para onde seria enviado, junto com uma geração inteira, em cascata na espiral. do sistema prisional de Los Angeles.
A edição revisada de A cor púrpura, a obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer e um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura. Alguns dos personagens mais marcantes da literatura estão neste livro; ganhador do Prêmio Pulitzer de 1983 e inspiração para o filme homônimo dirigido por Steven Spielberg em 1985.A cor púrpura é a história de Celie – por volta do período de 1900 a 1940 -, pobre, negra e praticamente analfabeta, no Sul dos Estados Unidos. Brutalizada desde a infância, a jovem foi estuprada pelo padrasto e depois forçada a se casar com Albert, um viúvo violento, pai de quatro filhos, que enxergava a esposa como empregada e lhe impunha sofrimentos físicos e morais rotineiramente.Celie escreve cartas para Deus e para a irmã, missionária na África, com uma linguagem peculiar que assume ritmo e cadência próprios e líricos, à medida que a adolescente cresce e começa a arregimentar experiências e amigos. Entre eles, a inesquecível Shug Avery, cantora, amante de Albert e responsável por uma sensível melhora na rotina de Celie.Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura não se resume às lágrimas derramadas pelo leitor diante das perversidades aqui relatadas – e longe de serem apenas fruto da imaginação de Alice Walker. Por trás de triste história de Celie, há uma crítica à relação entre homens e mulheres, ao poder dado ao homem em uma sociedade que ainda hoje luta por igualdade entre gêneros, etnias e classes sociais. Um livro que retrata um pedaço do mundo no início do século XX, mas que nos mostra a atualidade de determinadas questões.
A aldeia de Umuaro, no interior da Nigéria, é regida pelo sumo sacerdote Ezeulu. Mas nem todos os habitantes da aldeia o apoiam, o que resulta em brigas internas, além dos conflitos com aldeias vizinhas. Um dos filhos de Ezeulu, Oduche, é enviado pelo pai para a igreja do homem branco, a fim de conhecer sua religião e proteger a aldeia dos perigos que ela pode trazer. Mas há controvérsias quanto ao envio de um filho ao inimigo. Ezeulu se vê numa espécie de beco sem saída, tendo de tomar decisões que, por mais bem intencionadas, podem resultar em desastre para o seu povo. Enquanto isso, na cidade de Okperi, os colonizadores ingleses preocupam-se em construir estradas e entender como lidar com os colonos da aldeia. É preciso compreender sua língua, adaptar-se ao terrível calor e enfrentar as doenças da região. O capitão Winterbottom e alguns outros poucos colegas ocidentais são responsáveis por essa missão, e sabem que podem cair em feitiços dos sacerdotes e curandeiros da aldeia. É nessa alternância entre a visão inglesa dos colonizadores e a visão interna da aldeia que se constrói o drama de A flecha de Deus. Conhecendo o lugar dos ingleses e também o dos nativos, passamos a ter uma visão muito mais rica e nada maniqueísta do cenário, feito de enormes conflitos e dilemas morais entre o homem branco e o africano.
Caracterizado como o Voltaire africano, Ahmadou Kourouma recebeu enormes elogios da crítica e do público após o lançamento em 1998 de seu terceiro romance, En Attendant le vote des bêtes sauvages. Kourouma recebeu o Prix des Tropiques, entre outros prêmios de prestígio, por esse livro, e a edição francesa chegou a vender 100.000 exemplares. A tradução de Carrol F. Coates, Waiting for the Vote of the Wild Animals, apresenta ao público de língua inglesa a visão irreverente de Kourouma das maquinações dos ditadores africanos que jogaram o Ocidente contra o Oriente durante os trinta anos da Guerra Fria. Aproveitando o apoio financeiro ocidental, os ditadores construíram palácios, santuários e reservas de caça para sua gratificação pessoal enquanto desfilavam com inúmeras amantes, marabus e conselheiros. No estilo de um sèrè que canta os louvores dos trinta anos de carreira do mestre caçador e presidente Koyaga (um fictício Gnassingbé Eyadema do Togo), os leitores são brindados com um breve panorama da colonização francesa do povo Nu, caçadores no oeste País montanhoso africano, seguido pelo relato da ascensão de Koyaga ao poder por meio de traição, assassinato e feitiçaria. Em uma entrevista, Kourouma observou a suposição togolesa de que, se o povo não votasse em Eyadema nas eleições democráticas após a guerra fria, os animais selvagens sairiam da floresta para votar nele. O romance termina com uma debandada apocalíptica, embora os animais provavelmente estejam fugindo de uma conflagração no mato em vez de correr para as urnas.
Quando o jovem estudante Arkádi Nikolaitch retorna para casa, está acompanhado de um amigo e mentor, que causa imenso desgosto ao seu pai e seu tio. O companheiro, Bazárov, despreza qualquer autoridade, é antissocial e se proclama niilista. O conflito geracional que se segue é ímpar na literatura. Publicado em 1862, Pais e filhos continua a refletir o confronto entre gerações e as expectativas de um tempo anterior que se choca com as atitudes e os ideais dos momentos seguintes, esquecendo-se da potência transformadora da juventude. Com tradução direta do russo para o português, este clássico protagonizou uma das maiores polêmicas da literatura russa: Ivan Turguêniev foi acusado de ser responsável por atos criminosos cometidos por radicais influenciados por sua obra. De acordo com Rubens Figueiredo, tradutor do romance, “é mais do que provável que o leitor atual chegue ao fim de Pais e filhos sem um julgamento conclusivo não só a respeito de Bazárov como também dos demais personagens. Mas sem dúvida terá gravadas no pensamento figuras humanas sem nada de vago ou de nebuloso”. Aqui, Turguêniev faz um sutil elogio à incerteza e não esquiva o leitor de se posicionar, simultaneamente, como pai e filho diante dos problemas de nossa época.
Um conto luminoso e comovente de identidade, devoção e arrependimento O romance de estreia de John Gregory Brown examina família, raça e fé em um conto comovente de identidade, devoção e arrependimento. A história gira em torno da família Eagen de Nova Orleans, católicos irlandeses de sangue misto em uma cidade onde a raça define o destino. Em 1965, Thomas Eagen e seus gêmeos de doze anos, Meredith e Lowell, se afastam abruptamente, deixando sua segunda esposa, Catherine, e sua casa. Ao atravessarem o Lago Pontchartrain, uma parte da ponte desmorona, ferindo Murphy Warrington, um afro-americano que já trabalhou para o pai de Thomas. Murphy se torna o catalisador de uma série de revelações sobre a mãe negra de pele clara de Thomas e as razões pelas quais ela abandonou o marido e o filho quando Thomas era criança.
Com seu primeiro romance desde o internacionalmente aclamado The English Patient, o autor vencedor do Booker Prize, Michael Ondaatje, nos dá uma obra que mostra toda a riqueza de imagens e linguagem e a verdade emocional penetrante que conhecemos como as marcas registradas de sua escrita. Anil's Ghost nos transporta para o Sri Lanka, um país mergulhado em séculos de tradição, agora forçado a entrar no final do século XX pelos estragos da guerra civil. Nesse turbilhão entra Anil Tissera, uma jovem nascida no Sri Lanka, educada na Inglaterra e nos Estados Unidos, que retorna à sua terra natal como antropóloga forense enviada por um grupo internacional de direitos humanos para descobrir a origem das campanhas organizadas de assassinato que engolfam a ilha . O que se segue é uma história sobre amor, sobre família, sobre identidade, sobre o inimigo desconhecido, sobre a busca para desvendar o passado oculto – uma história impulsionada por um mistério fascinante. Desdobrando-se contra o fundo profundamente evocativo da paisagem do Sri Lanka e da antiga civilização, Anil's Ghost é o romance mais poderoso de Michael Ondaatje até agora.
O mordomo Stevens, já próximo da velhice, rememora as três décadas dedicadas à casa de um distinto nobre britânico, lord Darlington, hoje ocupada por um milionário norte-americano. Por insistência do novo patrão, Stevens sai de férias em viagem pelo interior da Inglaterra. O mordomo vai ao encontro de miss Kenton, antiga companheira de trabalho, hoje mrs. Benn. No caminho, recorda passagens da vida de lord Darlington e reflete sobre o papel dos mordomos na história britânica. Num estilo contido, o narrador-protagonista acaba por revelar aspectos sombrios da trajetória política do ex-patrão, simpatizante do nazismo, ao mesmo tempo que deixa escapar sentimentos pessoais em relação a miss Kenton, reprimidos durante anos.
Brilhante, ambiciosa e extremamente tímida, Greer Kadetsky, filha de ex-hippies, é uma jovem caloura em uma não tão brilhante universidade, enquanto Cory, filho de imigrantes portugueses e seu namorado desde o ensino médio, se matricula em Yale. Durante o primeiro fim de semana na faculdade, Greer decide ir a uma festa no campus, onde sofre assédio de um aluno veterano, conhecido por sempre sair impune das diversas acusações que coleciona. Mas é também na faculdade que Greer conhece a mulher que vai mudar a sua vida. Faith Frank, deslumbrante, elegante e persuasiva aos sessenta e três anos de idade, é um esteio do movimento feminista há décadas, uma figura inspiradora. Ao ouvir o discurso de Faith, na capela lotada do campus, Greer sente uma luz se acender em seu interior. Após a faculdade, enquanto Cory desponta no mercado financeiro internacional, Greer procura Faith, que a convida a transformar seu despertar em algo novo, oferecendo-lhe um emprego que a levará ao trabalho mais gratificante de toda a sua vida: a criação de uma fundação para capacitar e apoiar mulheres em todo o mundo. Com o tempo, Greer e Cory percebem que vão ter que pensar muito bem sobre aquilo que realmente querem. Em seus caminhos distintos, ambos precisarão enfrentar a complexidade da vida adulta, enquanto aos poucos se afastam do futuro que sempre imaginaram para si próprios. Com humor, sensibilidade e profunda inteligência, Meg Wolitzer desvela grandes descobertas sobre poder e influência, ego e lealdade, feminilidade e ambição em uma história comovente, que escrutina os ideais românticos que não paramos de perseguir pela vida afora: ideais que se relacionam não apenas com quem queremos estar, mas com quem queremos ser.
Situado em uma cidade do Cabo dos anos 1990 lindamente renderizada, o célebre romance de Zoë Wicomb, vencedor do Prêmio Windham Campbell, gira em torno de Marion Campbell, que dirige uma agência de viagens, mas odeia viajar e que, na sociedade pós-apartheid, deve negociar as complexidades de um relacionamento complicado com Brenda. , seu primeiro funcionário negro. Como Alison McCulloch observou no New York Times, “Wicomb habilmente explora a sopa medonha do racismo em toda a sua desgraça – negação, tradição, hábito, estupidez, medo – e consegue fazê-lo sem moralizar ou se tornar estereotipado”. Presa no mundo estreito dos interesses privados e do auto-avanço, Marion evita a política nacional até que a Comissão de Verdade e Reconciliação apresente informações que questionam não apenas o passado de sua família, mas sua identidade e seu lugar de direito na sociedade sul-africana contemporânea. “Estilísticamente matizado e psicologicamente astuto”, Playing in the Light é tão poderoso em sua representação da jornada pessoal de Marion quanto em sua representação da história bizarra e brutal da África do Sul (Kirkus Reviews, crítica estrelada).
Neste que é um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe de solitários para a qual não será dada "uma segunda oportunidade sobre a terra" e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerado uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou o colombiano como um dos maiores autores do século XX.
A maioria das pessoas acha que sabe quem é, mas a realidade não é bem essa. O que desconhecem sobre si mesmas pode não somente machucá-las, mas também causar problemas em seus relacionamentos. Sem compreender como enxergamos o mundo e como fomos moldados, permaneceremos prisioneiros de nossa própria história. Chega uma hora na vida de todos nós em que é preciso desligar o piloto automático e acordar para a nossa realidade. Ian Morgan Cron e Suzanne Stabile apresentam um modo milenar, mas ainda desconhecido de muitos, capaz de ajudá-lo a compreender sua personalidade e a daqueles que o cercam. Ao apresentar o Eneagrama, figura geométrica de nove pontas que sistematiza grupos de personalidade com simplicidade e eficácia, os autores descortinam o início de uma jornada de autodescoberta de benefícios extraordinários, de compaixão pelos outros e de amor por Deus.